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Os desafios encontrados pelas mulheres na tecnologia

Liquid quebra o “brogrammer” e possibilita a entrada de jovens programadoras através de mentoria

Erroneamente, temos a tendência de achar que as exatas e a ciência são campos exclusivamente masculinos. No entanto, a história e a participação relevante das mulheres na tecnologia mostram justamente ao contrário. Temos nomes de peso como Ada Lovelace, considerada a mãe da computação por ter tido a ideia do primeiro programa computacional. Igualmente, Frances Allen se destacou na otimização de compiladores, o que possibilitou a criar sistemas de aperfeiçoamento de códigos e de computação paralela. Bem como, a freira Mary Kenneth Keller – a primeira mulher a receber um doutorado em ciências da computação – que foi fundamental na criação da linguagem de programação BASIC. Entre tantas outras.

Durante muito tempo, devido ao machismo, as contribuições femininas foram apagadas. Hoje, as consequências disso são a falta de exemplos para as meninas e uma série de desafios para as profissionais da área. Estudos já comprovaram que, apesar de algumas pequenas diferenças, os cérebros de homens e mulheres tem a mesma capacidade para aprender. No entanto, fatores externos como criação, influência cultural, estímulos durante a infância, entre outros, afastam as garotas da matemática, ciências e tecnologia.

Para se ter uma ideia, a escolha dos brinquedos já começa influenciando negativamente as garotas. Enquanto os meninos brincam com quebra cabeças, jogos e são estimulados a desenvolver habilidades espaciais, elas “brincam” de cuidar da casa. Além disso, não são incentivadas a realizar brincadeiras onde desenvolvem liderança, pesquisa ou inventar coisas.

Juntamente a isso tem o reforço ao estereótipo de gênero. Por exemplo, pesquisadores das universidades de Nova York, Princeton e Illinois investigaram o comportamento de crianças de 5,6 e 7 anos em relação as suas habilidades intelectuais. Elas ouviram uma história sobre uma pessoa “muito, muito inteligente” sem afirmar o gênero.  No final, eram perguntadas quem seriam essa pessoa. Aos 5 anos, as crianças apontavam alguém do mesmo sexo. No entanto, a partir dos 6 a identificação para as meninas começou a diminuir.

Desafios

Além da falta de representatividade de mulheres ocupando vagas de destaque na área, as meninas enfrentam preconceitos desde que mostram aptidão para as ciências e tecnologias. Na escola os professores já as desencorajam e tendem a dar notas menores a elas. Foi isso que comprovou um experimento na Universidade de Tel Aviv. Três grupos de estudantes entre o 6º ano e o fim da escolaridade fizeram duas provas idênticas, uma com nome e outra sem. Como resultado, naquelas que foi possível deduzir o sexo (pelo nome) os meninos tiraram notas melhores. Já na correção anônima, as meninas tiraram notas maiores. Detalhe, tal resultado só ocorreu nas matérias de matemática e ciências.

A faculdade é outro desafio para elas. Dados da Unesco mostram que apenas 3% das meninas optam por cursos de tecnologia. Já, segundo dados de 2015 do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), cerca de 79% das mulheres que iniciaram a formação na área abandonaram ainda no primeiro ano. Larissa da Silva, integrante da equipe Liquid desde 2021 e cursando Engenharia da Computação, lembra como se sentiu deslocada no seu primeiro dia na Univates. “Já era esperado que teriam mais homens que mulheres, mas só tinha eu e a professora de mulher. Aí, em algum momento, essa professora olhou em volta e disse: ‘Nossa, só tem tu de menina… Mas não desiste, tá? Vai dar tudo certo’. E aquilo me deu uma força que eu nem sabia que tinha.”

Exemplo e estímulo são de extrema importância para as que querem seguir essa carreira. Tanto que a Unesco tem o projeto global STEM and Gender Advancement (SAGA) em apoio à igualdade de gênero em Ciência, Tecnologia e Inovação (STI). “O principal objetivo da SAGA é oferecer aos governos e formuladores de políticas uma variedade de ferramentas para ajudar a reduzir a atual lacuna global de gênero nos campos de CTI existentes em todos os níveis de educação e pesquisa”, informa o site do projeto. Bem como, a Unesco e a Onu Mulher criaram o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado no dia 11 de fevereiro, para trazer mais luz sobre o tema.

Mercado de trabalho para as mulheres na tecnologia

Após o desafio da faculdade, essas profissionais passam por provações no mercado de trabalho. Desde preconceito, mansplaining, assédio sexual ou moral e até ser preterida para determinados cargos. A exclusão é tanta, que a pesquisadora Simone Strumpf, da Universidade de Londres, deu a alcunha de “brogrammmer”. Neologismo de “brother” e “programmer” para se referir ao “clube do bolinha”.  

Não faltam maus exemplos em empresas de tecnologia, principalmente de grande porte. Como o caso que estourou no Google em 2017. O engenheiro James Damore afirmou em um manifesto que há causas biológicas por trás da desigualdade de gênero na área. Acabou demitido, mas fomentou muita discussão e, infelizmente, apoio na época.

Também tem muita gente boa lutando contra isso. É o caso da PrograMaria (que serviu de fonte de pesquisa para muitas informações desse post). O projeto quer “empoderar meninas e mulheres, mostrando que elas são capazes de realizar suas próprias ideias”. No site você encontra cursos para aprender a programar, artigos sobre o tema, iniciativas e muita representatividade.

A Liquid também está de braços abertos para recepcionar essas profissionais. “Aqui o pessoal sempre me recebeu muito bem, não tenho do que reclamar”, afirma Larissa. Recentemente iniciamos um curso de mentoria para jovens ainda no ensino médio e desejamos ampliar a participação feminina no nosso quadro. Quem quiser participar pode se inscrever no link “Junte-se” no rodapé do nosso site. Após uma seleção dos candidatos, eles estarão aptos a seguir uma trilha específica de cursos na plataforma da Alura. Além disso, haverá encontros para aplicação do conteúdo, podendo ingressar no nosso time. 

Mulheres que integram a equipe da Liquid atualmente

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