Com a promessa de você achar o par perfeito, corre o risco de sempre ver o “mesmo perfil”
Em 2022, o Tinder completa 10 anos conectando pessoas em todo mundo. Ele foi o primeiro app de namoro a chegar ao Brasil e, até hoje, é o mais utilizado. No entanto, será realmente que ele aponta a “sua metade da laranja”? Afinal, como funciona o algoritmo para essa finalidade? A Liquid te conta tudo o que descobriu sobre isso.
Primeiramente, é bom lembrar que muitas das nossas preferências já estão na rede. Basta você pesquisar um item para ele começar a aparecer em todos os lugares. Bem como, tudo relacionado a ele. Isso ocorre justamente por causa de um algoritmo que aprende sobre você. Vale ressaltar que o termo serve para nomear uma sequência de lógicas utilizadas para atingir certo objetivo. No caso dos aplicativos de namoro, o objetivo é unir duas pessoas com interesses e gostos iguais.
Para isso os sistemas com essa funcionalidade precisam te conhecer. Assim, quase sempre, o primeiro passo é um questionário. No entanto, não para por aí. No momento que você faz o seu login e senha realiza-se uma conexão com outros apps (como redes sociais) através do uso do API – interface que permite que tenham acesso e façam consumo das informações disponibilizadas. O mais comum é a ligação com o Facebook, que tem API aberto e não necessita de autorização. Nesse sentido, o Tinder informa que também utiliza dados do Spotify. Dessa forma, imagine quantas informações ele já tem usando essas duas plataformas?
Pronto, agora o algoritmo já conhece os seus interesses, mas precisa refinar isso para a finalidade que se propõe. Ou seja, será o seu comportamento dentro do aplicativo que fornecerá a ele isso. A cada curtida, “rejeitada” e match ele entende o que te chama ou não atenção e, a partir daí, sugere cada vez mais perfis “certeiros”. Segundo o Tinder, o seu Algoritmo 101 ainda prioriza usuários ativos. Ou seja, quem está online tem preferência e verá outros usuários também online.
Por mais que um software te sugira pessoas que combinem com você, isso não é garantia de sucesso. A verdade é que os critérios para gostar ou não de alguém são bem subjetivos. Nesse sentido, uma pesquisa realizada pela Universidade de Utha (EUA) mostrou que ao vivo e online são duas realidades diferentes.
Para o estudo, eles reuniram 350 universitários que preenchessem um questionário sobre personalidade, o que esperavam em um parceiro e estratégias de conquista. Esses dados foram submetidos a um algoritmo que sugeriu o par ideal e serviu de base de comparação posterior. Em seguida, promoveu-se encontros de 4 minutos entre os universitários e pelo menos 12 pessoas. No final destes, se preencheu um novo formulário com as impressões dos pretendentes. Como resultado, a sugestão do sistema não correspondeu aos interesses que se apresentou no encontro pessoalmente.
Talvez, o maior problema de indicar pessoas cruzando pontos de interesse seja segmentar e sedimentar as possibilidades. Por exemplo, você gosta de música clássica e curtiu fotos de 3 pessoas de cabelo cacheado, isso não significa que só possa se relacionar com esse grupo. Inclusive, a falta de diversidade e até um comportamento discriminatório desses aplicativos já foram alvos de estudos.
Outro trabalho, agora da Universidade Cornell (EUA), sugere que esses não tenham filtros ou mecanismos que permitam remover pessoas diferentes do que o usuário pré-estabeleceu. Pois, da forma que é hoje, ajudaria a reforçar um ideal padronizado pela sociedade. Como exemplo, segundo os dados apresentados, homens e mulheres negras têm dez vezes mais chances de iniciar uma conversa ou enviar uma mensagem para pessoas brancas do que o contrário.
Sem dúvida esse tipo de aplicativo tem a sua funcionalidade, nem que seja “quebrar o gelo” do primeiro contato. De forma geral, as pessoas aceitam bem o papel da inteligência artificial para isso. Um estudo global feito pelo Sapio Research, sob encomenda do Kaspersky, mostrou que 48% concorda que a tecnologia tornou o processo de busca mais fácil. Para essa pesquisa entrevistou-se 18.658 pessoas de 27 países (entre eles o Brasil), em junho de 2021.
Segundo os dados, ao mesmo tempo que 64% dos entrevistados sentiram que o algoritmo entende suas preferências, 39% acredita que é desumano ser avaliado dessa forma. Já 43% chegaram a dizer que preferem ver apenas pessoas que foram determinadas. No entanto, 58% afirmam que preferem ter acesso igual a todos, do que ter um sistema classificando as pessoas para elas.
Seja qual for a sua escolha, usar ou não, lembre-se que o amor não pode ser definido por um conjunto de características. De vez enquanto dê chance ao acaso.