É preciso repensar o modelo existente urgentemente
Falar em mudanças climáticas é, automaticamente, falar em mobilidade urbana. O crescimento expressivo (e desorganizado) dos centros urbanos e a falta de transporte público eficiente e, por consequência, o uso excessivo do carro particular, são os maiores vilões do clima. Como resultado, o setor de transporte é o maior responsável por emissão de CO₂ em todo o mundo, tendo um crescimento de 120% desde 1970.
No Brasil, esse setor é o terceiro mais poluente, responsável por 14% do total das emissões. Quando se olha para as grandes capitais, os números assustam ainda mais. Por exemplo, no Rio de Janeiro, corresponde a 40% e em São Paulo, 61%. Isso afeta diretamente a saúde dos brasileiros, estima-se que 50 mil pessoas morrem por ano devido a doenças respiratórias.
Então, podemos afirmar, sem medo, que a mobilidade urbana é uma das causadoras das mudanças climáticas. E, também, que ela não está preparada para o retorno da natureza. Estamos vendo aumento considerado nas chuvas, com fortes ventos, que provocam enchentes, deslizamentos e estragos. Isso, muitas vezes, bloqueia vias, prejudicando, justamente, o ir e vir das pessoas. Nesse sentido, os mais afetados são a população de baixa renda, que vem a ser a que mais sofre com a precariedade da mobilidade urbana no dia a dia.
Sempre após enchentes vem o discurso de culpabilidade da população. Campanhas para descartar o lixo corretamente, evitar áreas de risco, etc. No entanto, a culpa é coletiva. Assim como, a população tem que fazer a sua parte, as empresas e esferas públicas também. Afinal, cada rua pavimentada diminui a absorção da água no solo, cada árvore cortada contribuiu para o aquecimento do local e essa lista não tem fim.
É urgente que se olhe a mobilidade urbana em razão das mudanças climáticas e que se promova modificações concretas. Atualmente, estamos vendo o movimento para a eletrificação da frota (visite o post Eletromobilidade e a sua contribuição para o futuro e conheça a solução desenvolvida pela Liquid Works para eletropostos) e o Brasil tem tudo para marcar um golaço, nesse sentido. 87% da nossa produção de energia vem de fontes renováveis, o que garantiria a emissão zero dos veículos elétricos. Ainda podemos adicionar os biocombustíveis, resultando em viagens de baixa emissão, já que a planta, em sua produção, absorve CO₂.
Apesar da troca para veículos com energia limpa ser muito bem-vinda, não melhora a mobilidade urbana. É preciso agarrar essa oportunidade e pensar na questão de forma mais ampla, promovendo mais transportes coletivos (obviamente, também limpos), mobilidade ativa e acessibilidade a todos. Talvez, essa seja a oportunidade de repensarmos o modelo existente e garantir um futuro mais verde.